Por Lou.
Já temos a casa, anunciou e três dias depois chegamos as malas, as cestas e nós. Abrimos as persianas, varremos e colocamos hortências em frascos de geléia.
Alguns foram para a cozinha preparar a comida; outros foram nadar. Das estantes escolhemos a travessa rosa da avó e o bol de flores laranjas. Alguém colocou a toalha de mesa branca, e ficamos escutando uma mistura de Virus e Stevie Wonder. Penduramos uma guirlanda mexicana, brindamos, jantamos na nossa festinha caseira e, á meia noite, nos abraçamos. Cada um pegou uma bolsa e saímos a caminhar embaixo dos fogos, planejando viagens. Logo vieram os presentes surpresas, os torrones e as brincadeiras.
E assim passaram os dias.
Dos lençois de flores e o ventilador de teto, passavamos á toalha de mesa para o pic nic embaixo da árvore, sem rastros de culpa. Jogos de mesa dos anos oitenta, caroços de frutas, livros espalhados. No meio da tarde, improvisávamos banquetes, para depois desaparecer em sonecas da tarde ou na água. Ás vezes não nos víamos por horas, ou nos cruzavam sorvetes pelas mãos ou procurávamos uma almofada. Outra vezes, eramos cinco na cozinha contando pequenas epifanias. Á noite, regavamos a grama e comíamos com as mãos. Jogamos até que nossos olhos se fecharam. Lá fora, as roupas de banho gotejavam sobre as cadeira de vime.
Na terça- feira, de repente senti saudades da minha cama, nos despedimos com um abraço, e remontei a distância entre 2012 e ontem. Quando liguei meu computador, haviam vinte e três e-mails na caixa de entrada, a marquinha do biquini e uma dúzia de picadas rosas nas pernas. A casa estava quente. Abri as janelas.
Tinha um pouco de dor de barriga, mas mesmo assim pedi delivery de sorvete. De côco e doce de leite, por favor, e o troco é para cem.
E deitei na cama para esperar o fim do mundo.
Acordei com a campainha.